Aquilo era psicológico. Uma má notícia que insistira em continuar presa a meus pensamentos, um susto que não passara imediatamente e que precisaria de muito mais que um copo d´água pra liguidar-se o medo, o atraso de um resultado que me deixara totalmente instável durante algum tempo. Por algum motivo eu me sentia totalmente deslocada de tudo que eu havia cultivado até então. Aquelas pedras que eu havia desviado quando passara pelo caminho deteriorado que trilhara, pareciam querer voltar e me arruinar quando tocavam o ponto mais fraco de um ser um humano frágil como é o adolescente em sua fase de promoção ao mundo dos adultos, totalmente novo e cheio de coisas muito mais rodeadas de responsabilidades que sair das bonecas e conhecer gatinhos na balada, a sua fé. Era como se tudo estivesse errado, tudo quisesse uma reforma; como se eu precisasse esvaziar-me do que construí anos a fio...
Rezei, rezei, rezei. Mesmo quando tudo que eu sentia era a falta da firmeza na fé que conduziria minha oração, me entreguei às preces que eu tinha em meu coração. "Pai, faze-me ser como o Senhor deseja que eu seja" E Ele simplismente queria que eu fosse...
Aqueles dias foram passando, e eu continuava rezando. Era a única coisa que eu podia fazer. Pedia paciência, paz. Meus olhos se abririam depois de algum tempo em busca da força que sustentava a fé em minha vida, Deus. Na verdade, essa é uma busca constante para mim, descobrir mais, saber mais, sentir mais; e então eu consegui enxergar que, na realidade, a sensação ruim de querer destruir tudo o que eu plantara até então, era uma briga travada entre eu e eu mesma, num confronto imbecil entre o que me fazia ser quem eu realmente era e tudo aquilo pelo que eu, sendo facilmente influenciada, quando da inobservância de meus próprios princípios, me deixara querer se transformar. Eu precisava mesmo saber o que estava acontecendo comigo, me libertar da tortura do não entender. Até lá, não fosse Deus escutando minhas preces, compreendendo cada palavra e lágrima frágil, sedentas da sua compaixão, eu não teria saído sequer do que me queria conduzir àquilo que não sou. Teria seguido, sem parar pra pensar naquele combate que se travara dentro de mim, apenas desestruturando o que me fazia ser eu mesma.
Naqueles dias de prece, eu pude sentir mais de perto a presença Daquele que me ensina a amar, incondicionalmente, pai, mãe, família, amigos, principalmente os de verdade. Eu pude me debruçar sobre Ele como um bebezinho indefeso, precisando de ajuda para sobreviver. Eu pude sentir a força, muito mais intensa do que eu pudesse imaginar, da minha fé, da minha crença. Eu pude sentir a paz, a paciência, a mansidão da graça do amor de Deus em minha vida. E eu continuaria a rezar, continuaria a buscar, continuaria a querer sentir, sempre, sempre, esse amor, essa graça que me fazem imensamente bem e feliz.