sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Contramão


Ah, coração... quisera eu entender o porque de olhares sempre na direção que não te convém, preciso mesmo te dizer que contramão não faz bem, coração? Mais teimoso ainda que sejas, quando digo que são vãs as tuas perseguições, insistes doentiamente no intento que almejas. Masoquista - acho que és as vezes - que mesmo sabendo o quanto podes sofrer, alimentas, sozinho, o desejo de ter quem nem sequer te ver de longe, e em cuja mente não passas de tecido muscular cardíaco; e para quem estás inteiro, nada mais. Pois sequer consegue imaginar o quanto aquele pano não é nem uma peça, inteira, não consegue enxergar o quanto ele está partido, porque foi deixado de lado, ou porque, nem de lado, foi mais olhado.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Complete-se


Era a angústia, o vazio que consumia aquele ser, e ele não via o vácuo e o motivo para aquilo, mas procurava, e por não conseguir ver o que lhe perturbava - porque era impossível, não existia - se desesperava. Entrelaçando pensamento no vento forte que o dominava, recostava-se na primeira brisa passageira que o alcançava, imaginando agora o que poderia fazer para aquela calmaria permanecer...
Eu diria que ele deveria amar. Que amasse a vida, a sua vida, e não o desejo de ter uma vida igual à do outro. Que amasse os seus amigos, de verdade, pelo carinho sincero que sentia haver entre eles. Que amasse sua família, do jeito como era, nunca desejando que a identidade dela fosse igual à uma que você admirava - as pessoas devem ser amadas pelo que são, não pelo que queremos que elas sejam. Que amasse, enfim, as diferenças, repeitasse-as. Ninguém é igual. Acredito que o fato de se aprender a amar o que há de diferente em cada um, significa aceitar a personalidade do outro, amando consequentemente ao irmão, ao amigo, ao desconhecido, como a você. Porque você também é diferente.
Amar é aceitar, é retribuir, é se completar, também.

"Que vos ameis uns aos outros assim como eu vos amei" (Jo 15, 12.)