sábado, 26 de novembro de 2011

Quase concreto, nunca completo


Eu sabia muita coisa do que queria, e sabia como fazer para conseguir isso. Mas já sou grandinha o suficiente, e a vida me ensinava todos os dias, o quanto eu terei de crescer para entender um pouquinho só, de cada uma das situações em que ela me coloca. Porque quando achava que tinha crescido o bastante para enfrentar uma delas, porque já tinha passado por aquilo, e agora eu saberia lidar com isso... não, eu não sabia, eu não sei, e no fim, sempre irei me surpreender ao menos um pouco com o que viveria, a cada dia. Um dia talvez eu possa dar conselhos, quase concretos, quase convictos, nunca de um todo certos, sobre determinada situação a uma amiga, um amigo que esteja precisando dessas incertezas para entender suas indeterminações também. Mas de toda forma, eu sempre saberia que por mais que confiasse em mim o bastante para dar esses conselhos, para dizer algo quase concreto sobre alguma coisa que a vida lhe aprontara, eu nunca estaria totalmente certa sobre aquilo. Porque a vida surpreende, porque nem tudo é igual para todos, porque você vive pra aprender mesmo, ainda que, na verdade, o que a gente busca, todos os dias, é aprender pra viver. Deve ser recíproco, é recíproco. Educador e aluno que se completam. É assim que a maioria deles dizem na sala de aula né? "A gente acaba aprendendo muito com vocês"... a vida, em sentido amplo, nem precisa dizer isso mesmo, é muito perfeita para tanto. É da nossa nossa vida, em sentido estrito, de que falo. É sobre ela que recai a reciprocidade que menciono.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Pra ajudar o tempo



Eu havia mesmo decidido não escrever mais sobre você. Porque disse a mim mesma, como se minha vontade de não querer mais te escrever fosse suficiente, que não buscaria mais motivo pra escrever nada sobre ti. No meu trato, prometera que tudo o que eu sentisse depois dali por você, não passaria de meus pensamentos, jamais chegaria ao papel, ou à tela. Mas eu esqueci que apaixonar-se não requer contrato, quanto mais desapaixonar-se, esqueci que a paixão tem sua própria palavra, e meu querer não poderia nunca atuar em lugar dela.
Resolvera não olhar mais suas fotografias, nem seus recados, para os outros, nem te ter mais na minha lista de amigos no site de relacionamentos, só pra não ter que ver seu status aparecer de repente na minha página inicial. Porque eu queria você longe de mim, de todas as formas, eu quero, na verdade, e por isso continuo fazendo tudo isso. Nos últimos meses tentei ser mais realista comigo mesma, busquei entender melhor a vida, e os verdadeiros valores que ela apresenta, desejei e busquei crescer humanamente, como nunca tinha feito, e como sempre faria a partir de agora. Tornara-se mais fácil compreender, e aceitar, que só o tempo faria diminuir, e um dia, desaparecer aquele nó que você deixara dentro de meu peito, e que tudo que eu fizesse não seria mais que ajudar esse tempo a trazer um tempo em que o nó não mais existiria, ou pelo menos, não por sua causa.
Outro dia pensei que você, com tudo que me fizera passar, teria me deixado um tanto mais fria em termos de relacionamentos. Mas conversando com uns amigos percebi que não. De uma conversa aprendi que quando sofremos por um amor, o seguinte sempre nos causa uma espécie de receio, é como se tivessé-mos medo de que tudo se transformasse no que passamos da última vez; em outra conversa, descobri que somando-se a isso, passamos a querer enfrentar o amor como algo real, passamos a querer dar um tapa nas ilusões assim que percebemos a presença delas. Por esses motivos, sei que não me tornei fria, ou pelo menos prefiro achar que abri uma das janelas de minha mente que quer construir um amor inteligente, digo, um amor "adulto", sendo mais clara: nada de conto de fadas, é isso.
De qualquer forma, só estou escrevendo de novo sobre você, só estou quebrando meu trato comigo mesma, porque senti a necessidade de abrir meu coração para as palavras, a seu respeito, novamente, como para extrair de mim cada dígito que ainda resta de você. Porque vez em quando ainda vejo tuas fotografias, só pra ter certeza de que o coração sente o que os olhos veem, só pra ter certeza que não é fácil esquecer um amor, e que precisarei ser ainda mais forte pra suportar cada gelo que se segue em meu interior quando te vejo, só pra ter certeza que eu tenho mesmo que continuar ajudando o tempo a trazer meu tempo sem você, de volta.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Descarte


Eu penso, tu pensas, ele pensa...
Mas sabe quando tudo que você quer é deitar sua cabeça no travesseiro, sem pensar em nada complicado, sem pensar que nada é complicado, sem pensar em nada, só deitar, dormir, talvez, e pronto? Não fosse a ansiedade, e o medo, que não se sabe nem de que é, e que você não sabe como controlar, isso poderia ser bem mais fácil. Me disseram certa vez que pensar demais não é bom, mas parando depois, fiz uma correção na afirmativa... pensar demais, em coisas improdutivas demais, é que não faz bem, é que não é bom. Pense sim, mas pense naquilo que te faz feliz, que te põe um sorriso nos lábios, que faz você sentir-se em paz. Descarte porém o que te faz sofrer, descarte dos pensamentos o que te deixa triste, cabisbaixo, o que te faz sentir que tudo que você faz não vai dar certo, o que te deixa mal mesmo. Descarte do pensamento, e depois, da vida. Já dizia o velho ditado, “o que os olhos não veem, o coração não sente”, pois lhe digo mais: o que os olhos não veem, e o que a mente descarta, você não sente, você nem lembra, obviamente, quanto mais seu coração.