quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Palavras

Estava transparente demais, queria algo mais visível. Era possível conhecer alguém pela conversa. Analisei seu modo de falar, eu era boa nessas coisas, iria tirar proveito daquelas frases trocadas para te conhecer melhor. Não precisei de muito, poucos minutos depois eu já tirara algumas conclusões a seu respeito. Como foi fácil quebrar aquele encanto exacerbado, era muito diferente do que eu imaginava. Cada palavra, e as pausas, algumas perguntas... eu poderia sentir o seu tom de voz insinuando algo determinado. Alguns minutos antes, meu coração quase fora a mil quando percebeu sua presença, nem eu esperava a minha reação, mas enquanto trocamos os primeiros “oi” e “tudo bem?” tentei fazer com que minhas palavras não denunciassem meu estado de espírito inicial, e acho que consegui, ou pelo menos elas não saíram tremendo. No decorrer da conversa, percebi que até então meus olhos estavam vendados – como sempre ficam a partir do momento que se idealiza algo, alguém – eu não conseguia enxergar nada senão pelos “olhos” da mente, e nela você quase não tinha defeitos.
Eu sabia, eu sabia que tinha que descobrir-te antes de imaginar mais qualquer outra coisa. Tinha de ter pelo menos uma noção da sua personalidade, seu modo de ser, seu jeito. Como poderia me apaixonar por alguém que mal conhecia? Era ridículo! Inaceitável!
Naquele dia, pude sentir mais de perto o quanto as palavras e o modo como as emitimos são importantes. Foi rápido decifrar-te, pelo menos superficialmente. Aos poucos aquela venda foi cedendo, e eu já conseguia ver um pouco mais da realidade, do lado de fora, da verdade.Quando tive que me despedir me sentia normal, e foi simples dizer “tchau!” As palavras, como sempre, haviam conseguido me dizer algo sobre você, e agora eu já me considerava um pouco mais conhecedora de seu jeito, seu modo. Te evitar não seria mais tamanho desafio. Considerava-me mais humana, real e menos mundo da fantasia. Considerava-me mais desiludida.

Tá, tchau!
Fique bem! ;*

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