Agora eu era fria. Não havia motivos pra eu te tratar tão bem depois de tudo que me fez. Havia ganhado a cumplicidade do gelo, e por mais que doesse, que queimasse, ele me ajudava. Eu conseguia fazer perguntas tranquilamente, e não ficava mais olhando para a tela esperando até que você me respondesse. Esperando para ver se o que você responderia seria aquilo que eu queria ler. Não havia mais o que eu quisesse ler. Não havia mais tamanho interesse em você. Eu conseguia falar de tudo, até de seus amores e de meus amores, nossos lances. Apesar de não ter esquecido nosso lance, não era fácil esbarrar nele pela memória agora, isso acontecia, mas era raro, andava escondido demais para isso.
De vez em quando me recordava, ria, e ao mesmo tempo me intristecia, pensava em como seria se tivesse dado certo. Mas deixava pra lá. Largava aquilo, e ía buscar outra coisa para fazer, outra coisa em que pensar. Não dava para ficar remoendo aquele passado. Eu simplismente o largava. Deixando que o tempo cuidasse em pô-lo distante de mim, ou simplismente deixando que o tempo cuidasse daquilo, sem me importar. Estava vivendo a minha vida sem ter muita curiosidade de futuro sobre isso, seria , como todas as outras coisas, como Deus quisesse e pronto, e ponto.
Mariana Xavier
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