domingo, 30 de janeiro de 2011

Que tédio que nada!


"Jesus, que sabia pelo que ia passar e de todas as cobranças que se lhe impunham, simplismente não conseguia sentir tédio em sua vida. Ele era feliz sempre, não reclamava nada. Ele, mais que todos, sabia viver".
Li isso num livro que no fim de uma viagem folheei algumas páginas, mas que por não ser meu, tive que deixá-lo por lá, onde o encontrei. Mas essas palavras ficaram em minha mente. Desde o dia em que as ví, as lí, estive pensando em como as vezes nós complicamos nossas vidas, fazendo delas um tédio. Parece que gostamos de dizer isso. Que nossa vida está um tédio. Como se ele existisse sem que alguém o crie. Sem que nós o criemos. Eu, por exemplo, costumava dizer que por morar em uma cidade pequena, não tinha opção a nada, senão dormir, comer, olhar TV... até que isso não fosse cansativo, até que a isso não fosse atribuído o adjetivo em questão, sim, falo, até que isso não fosse um tédio.
Mas não. A cidade pacata, tranquila, minha oferece exatamente isso, tranquilidade. E eu gosto disso, sempre gostei. Eu tenho amigos lá, boa parte de minha família é de lá. Sempre morei nessa cidade, pelo menos até completar meus 17 anos, quando passei no vestibular e tive de me mudar para uma cidade um pouco maior, mas a permanência de meus pais e de minha família na pequena city era motivo mais que nobre para que eu a visitasse sempre, duas vezes ao mês.
Nas primeiras férias que passei lá depois de estar morando fora, comecei a sentir algo parecido com estar sempre a procura de coisas para fazer, e, por nunca achar 'nada' que me atraísse, em meio àquela calmaria, comecei a dizer que, por um período, minha vida estava um tédio.
Mas não, ela não estava, eu que a fazia daquela forma, eu que a atribuia essa característica. Comecei a lembrar de quando eu era criança, como tudo aquilo era ótimo para mim. Tudo continuava igual, os mesmos amigos, minha família, era tudo muito parecido, exceto por algumas evoluções de pensamento, que o tempo em seu gracioso ato de não parar, fizera acontecer. Mas isso, isso já era sabido que ocorreria. Até aqui, nenhuma novidade. Então, pensei, "o que estava faltando para que eu conseguisse enchegar grande alegria em fazer o que fiz até poucos dias, adaptado à forma de pensamento de hoje?"
A resposta não demorou muito, e meu pensamento logo decifrou que na verdade, o comodismo me fizera sentir aquilo. Eu tinha livros para ler, filmes, vários, para assistir, tinha amigos para conversar, para rir juntos, tinha esportes que poderia praticar, tinha a minha família, minha linda família que tinha todo o meu amor depositado em sua felicidade, em nossa felicidade, tinha, como sempre, coisas para aprender (eu não sabia dirigir ainda, e o violão, cujo desejo de apreder a tocá-lo já me perseguia a algum tempo, estava me esperando, parado, ansioso, imagino, para se sentir útil) mas, digo, coisas bem viáveis naquele momento... Parei! Veja bem a quantidade de coisa boas que eu tinha para fazer em uma cidade tão pequena. Imagine só em uma maior, onde as opções se expandem, digamos?! Eu só estava acomodada, queria, por certo, não ter que ir buscar, que ir atrás. Queria que as coisas viessem a mim, que as opções se abrissem como um leque, à espera da escolha a ser feita, mas que simplesmente saltassem desse leque, sem nenhum esforço de minha parte. Pensei, é isso! É isso o que acontece. Nós mesmos somos responsáveis por deixar que nossas vidas se transformem em algo chato, sem graça. Mas elas não são. Basta que olhemos ao nosso redor, e vejamos a quantidade de coisas que muitas vezes estão alí, só esperando ser feitas, só precisando que você levante-se, determinado, e vá usufruir delas.
Era isso que Jesus, em sua grandiosidade, simplesmente via, a quantidade de coisas que abarcava sua vida. Ele tinha pessoas para fazer felizes, para curar. Ele tinha seus discípulos para ensinar. Ele tinha os tantos lugares para visitar. Ele tinha uma vida para viver, e Ele em sua sabedoria suprema, simplesmente, vivia. Sem reclamar. Apenas aproveitando o que tinha para certa hora, apenas aproveitando as oportunidades que apareciam. E Ele era, mais que tudo, feliz.

Nós também podemos produzir felicidade, nós também temos uma vida para viver. Só precisamos saber viver, saber aproveitar as oportunidades. Buscar o que queremos. E nunca, nunca se acomodar.

Mariana Xavier

Um comentário:

  1. isso mesmo cricas, sempre há algo legal pra fazer, embora muitas vezes não percebamos; e como não se sabe do amanhã, devemos aproveitar =D
    ..
    um dos textos mais bonitos que já li aqui; não apenas porque fala de Jesus, mas também pelos cem por cento de verdade sobre a vida(destacando pelo fato de que ninguém pode negar) que estão presentes. #)

    xerin ;*
    inté \o

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