terça-feira, 26 de abril de 2011

Prece


Eu busco outros ventos, sempre.
Meu avô é poeta, agricultor, hoje aposentado pela idade que o cerca, mas sempre foi homem do campo, trabalhador, de muita fé. Seus poemas, em sua grande maioria, tratam da relação da natureza com o divino. Lí muitas vezes em alguns deles um verso onde sempre que ele fala para mim sobre ele, diz mais ou menos assim "o homem que passa o dia todo labutando, o suor escorrendo pelo rosto e corpo quente ainda, deita-se debaixo daquela árvore frondosa, de repente sente, ao meio dia, aquela brisa fresca suave e sadia, pode ter certeza, é Deus que a envia, Ele alí está presente".
Meu ramo nem é esse, tenho me preparado é para trabalhar mesmo com uma vasta plantação regada de injustiça, em busca de mudar o conteúdo desse regador, em busca de colher em favor do justo, do certo. A cada dia vejo o quanto isso é difícil, complicado de se concretizar. O homem em sua imensa vulnerabilidade, muda de atitude, transforma-se constantemente, sofre com os pensamentos alheios e os de sua própria mente, demente que chega a ser, entrega-se ao acaso e quando se ver num caso, maltrata-se, ou o ignora, simplesmente. Falo mesmo por experiência própria, como é fácil nos entregarmos a uma vida imprópria. Bem que fui, sou, mais forte que o que me atormenta, me intrigo, então começo a perceber que não falta quem nos abra essa porta torta, muito torta. Confiante e fortemente, fecho os olhos, e digo...
Deus, ouve-me por favor, tu podes eu sei, fecha-me essa porta que insiste que eu adentre em cujo aposento guarda, guia-me no caminho pelo qual o Senhor para todos resguarda. Deixa-me longe daquele, ou de qualquer vento triste, poluído, que insiste em me rodear. Seja ao meio dia, seja a qualquer hora desse dia, não cesses em mandar-me aquela brisa fresca, suave e sadia. Amém!

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